Os nossos estudos e pesquisas na Universidade Federal do Piauí (UFPI) sobre as questões relacionadas às Africanidades e Afrodescendência através dos diferentes departamentos dos Centros de Ciências da Educação, Humanas e Letras, vêm evidenciando que, em nosso país, as estruturas sociais, culturais, econômicas, políticas e linguísticas relutam numa imposição de antigos padrões, estabelecidos particularmente pela condição iluminista do pensamento europeu dos séculos XVII e XVIII, que levava a ser, via cor da pele denominada branca, dos povos daquele continente (sua beleza, sua cultura, religião, língua, etc), o modelo ideal de humanidade e fator distintivo que lhes conferiam a superioridade e a dominação absoluta diante dos demais seres humanos, que eram diferentes, tais como os povos negro-africanos, os nativo-americanos e mestiços. Utilizando-se de tais convicções racistas e preconceitos, os europeus justificavam, assim, a prática da escravidão de africanos e seus descendentes mestiços e endógamos no Brasil, desde o período de colonização até quase o final do século XIX. Durante todo esse período, africanos e afrodescendentes foram excluídos da sociedade brasileira de forma injusta e violenta, por não serem considerados iguais aos conceitos daquilo que deveria ser o ideal de humanidade dentro da concepção iluminista colonialista que perdurou através dos séculos. Esse fato marcou profundamente a introjeção de ideias que produziram o racismo, o preconceito racial e a exclusão social de africanos e afrodescedentes, provocando o adoecimento da população brasileira em seus mais diversos segmentos sociais. Essa violência (hoje enquadrada pelos direitos humanos, constitucional e civil brasileiros, como crime contra a pessoa humana), deformou ideologicamente a imagem que os próprios brasileiros (de origem africana e européia) passaram a ter de sua condição afrodescendente, deixando graves consequências, que se estenderam até a contemporaneidade onde apesar do início de algumas politicas públicas que tentam promover os direitos humanos das pessoas negras visto que somos um Estado Democrático Social de Direitos. Contudo, os nossos indicadores sociais são ainda sofríveis quando visualizamos a realidade em que vive a maioria da nossa população afrodescendente sob grandes desigualdades, tais como na habitação, nos índices de mortalidade e homicídios e outras formas de violência, na exploração infantil, nas relações de trabalho e comércio, na formação escolar, entre outros. E, ainda, a formatação de uma imagem negativa sobre esse Outro não-branco que podemos encontrá-lo com suas imagens deformadas no contexto da produção recente nos campos das linguagens, tais como Literatura, Artes Plásticas, Música, Cinema, Teatro e Telenovelas (ARAÚJO; BOAKARI; GOMES, 2013). Diante do exposto é que propomos o II Festival Luso-Brasileiro (2 FLB 2017),tendo como tema as “Culturas afro-brasileiras e luso-africanas: Literatura, Linguagem e História”, sendo este um evento local promovido pelo Núcleo de Pesquisa sobre Africanidades e Afrodescendência da Universidade Federal do Piauí (IFARADÁ) em conjunto com os Departamentos de Fundamentos da Educação (DFE-CCE), Letras Estrangeiras (DLE-CCHL) e Vernáculas (DLV-CCHL) e com o apoio do Centro Acadêmico de Letras Torquato Neto (CALTe-CCHL), da Superintendência de Comunicação Social e do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR).
O evento fomentará o debate acerca do ensino e pesquisa nas áreas de Africanidades e Afrodescendência de forma inter e transdisciplinar contemplando as diversas áreas do conhecimento, tais como Educação, Literatura, Linguística e História, além de promover a produção e publicação de textos focalizando a temática proposta pelo Evento, a qual se organiza a partir de um conjunto composto pelas seguintes sub-temas: a) Cultura e educação para convívio com as diferenças e linguagens nas práticas de inclusão social; b) Cultura e pós-colonialismo: as representações do africano e do afro-descendente nas literaturas de língua portuguesa e c) História, Memória e Literatura: culturas afro-luso-brasileiras em perspectiva. Diante disso, o 2 FLB 2017 objetiva, portanto, promover um trabalho Político-Pedagógico, a partir das discussões de temáticas relacionadas à Educação, Literaturas, Linguagens e História, para a construção de uma cultura de convivência sem racismo e preconceito, tendo em vista que estes dois fatores sempre resultaram em prejuízos, tanto para o desenvolvimento social, quanto para a justiça e a cidadania em nosso país. Como objetivos específicos este evento privilegiou as seguintes tarefas: a) ampliar a nossa compreensão relacionada às realidades dos povos e culturas luso-afro-brasileiras nos contextos nacional e lusófono na sociedade atual; b) consolidar conhecimentos sobre as culturas afro-brasileiras e luso-africanas, mediante apresentações de resultados de trabalhos (estudos e pesquisas), debates e discussões, danças e exposições, oficinas e minicursos; c) celebrar as lutas e resistências dos povos afrodescendentes pelos conhecimentos acadêmico-científicos e pela valorização dos povos negros no contexto do mundo lusófono.
O 2 FLB 2017 será realizado no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL) e no Cine Teatro da Universidade Federal do Piauí, no campus Ministro Petrônio Portella, Ininga, em Teresina (PI), no período de 14, 15 e 16 de junho de 2017. Com essa proposta de atividades do o II Festival Luso-Brasileiro em nossa IES, convidamos a comunidade acadêmica da UFPI e outras IES a fazerem parte deste Evento de celebração acadêmico-científica.
Apresentação
Realização: Apoio:
DFE-CCE | DLV-CCHL | DLE-CCHL
Superintendência de Comunicação Social